Liuzzi Juan F, DaCunha Maribel, Siso Saul, Salas Daniuska
Enquadramento: Os sarcomas de cabeça e pescoço são entidades clínicas pouco frequentes e os sarcomas de cabeça e pescoço induzidos pela radiação (RISHN) ainda mais. Constituem uma complicação muito grave a longo prazo da radioterapia. Doentes e métodos: Foram revistos os processos clínicos de todos os doentes com diagnóstico de sarcomas de cabeça e pescoço avaliados e tratados no nosso Hospital no período de 2005 a 2015, e selecionados aqueles que apresentavam sarcomas relacionados com a utilização de radioterapia externa. Resultados: A incidência de RISHN foi de 17,5% entre todos os sarcomas de cabeça e pescoço avaliados. A maioria dos doentes apresentava sarcomas localizados no seio maxilar. O leiomiossarcoma foi o tipo histológico mais comum. A média do período de latência entre o momento da radioterapia inicial e o momento do diagnóstico de RIHNS foi de 18,4 anos. Os doentes receberam modalidades de tratamento único ou combinado, incluindo cirurgia, quimioterapia e/ou radioterapia, de acordo com os critérios de ressecabilidade do tumor. O seguimento médio foi de 24,42 meses e a taxa de sobrevivência livre de doença no final do estudo foi de 28,6%. Conclusões: O prognóstico global da RISHN é mau, independentemente da modalidade de tratamento recebida. Apesar das dificuldades na realização de um procedimento cirúrgico em campo irradiado, consideramos a cirurgia a melhor opção para tratar a RISHN, em detrimento da quimioterapia e radioterapia.